O sujeito que assina este mal-arrumado desabafo, em nome de
toda a humanidade (à exceção talvez dos anciãos com mais de 100, bem servidos
de saúde e paradoxalmente fartos de viver), vem a público exigir que o tempo
volte o mais rápido que puder. E que fique claro que não me refiro à volta no
tempo; o que reivindico é o retorno do próprio tempo, calmo e humilde, à vida
das pessoas.
É espantoso como tudo, há uns poucos anos, levava muito mais tempo para ser feito. E quanto mais vagaroso era o processo, mais tempo, estranhamente, sobrava para o cidadão.
Criava-se o porco no quintal. Matava-se o bicho. Jogava-se água fervente sobre o pelo, a ser raspado na navalha. Abria-se a barrigada, separava-se as partes, temperava-se e deixava-se, da noite para o dia, o leitão esquartejado submerso em marinada. Providenciava-se a lenha, acendia-se o fogo, cozinhava-se lentamente e degustava-se mais lentamente ainda. Era um tempo de sobra que não acabava nunca mais, de enjoar de fazer nada. De botar c…
É espantoso como tudo, há uns poucos anos, levava muito mais tempo para ser feito. E quanto mais vagaroso era o processo, mais tempo, estranhamente, sobrava para o cidadão.
Criava-se o porco no quintal. Matava-se o bicho. Jogava-se água fervente sobre o pelo, a ser raspado na navalha. Abria-se a barrigada, separava-se as partes, temperava-se e deixava-se, da noite para o dia, o leitão esquartejado submerso em marinada. Providenciava-se a lenha, acendia-se o fogo, cozinhava-se lentamente e degustava-se mais lentamente ainda. Era um tempo de sobra que não acabava nunca mais, de enjoar de fazer nada. De botar c…